DESAFIO 1 – ESCREVER É OBSERVAR COM TODOS OS
SENTIDOS
Imagina que te encontras num avião que começa a
afastar-se de Lisboa. Faz uma descrição da cidade que tens na frente dos teus
olhos (como se descrevesses o que vês num écran de cinema parado, onde o tempo
está suspenso). Procura neste desafio, representar o espaço físico,
selecionando os elementos mais pertinentes e a maior variedade possível de
“naturezas”.
As «naturezas»:
a) Natureza percetiva
b) Natureza física/táctil
c) Natureza olfativa
d) Natureza gustativa
e) Natureza auditiva/sonora
f) Natureza emotiva
ESCREVA UM
TEXTO COM MENOS DE 250 PALAVRAS E PARTILHE AQUI.
“Estava num avião, sentada à janela com medo da viagem.
Começou a levantar voo e vejo a bela paisagem de Lisboa aos meus pés, senti o
coração a pular.
Passamos
por cima do Hospital onde estive internada e recordo os corredores, as
passagens, os cheiros, a comida sem sabor e sem sal.
Passamos
por prédios sem fim, altos, baixos, com varandas ou terraços, estradas bem
contornadas e cheios de carros. Por Alfama, aonde íamos ao Fado e aos santos
populares. Os miradouros e o belo castelo renovado. No meio do nada, vê-se as
duas linhas, com a mesma distância entre eles era a linha de comboio.
Passamos
pelo aqueduto de águas livres, a ponte de pedra com arcos largos e casinhas
pequenas, que passa de um lado de monte para outro.
Passamos
por cima da bela ponte de 25 de Abril, com o Cristo Rei, de braços abertos que
protege Lisboa. Por aonde passei tantas vezes, para ir à praia da Costa da
Caparica. E por baixo da ponte, o lindo e enorme rio Tejo, ladeados de
monumentos, fábricas á beira-rio. E barcos à vela, a flutuar no rio. Será que
havia uma regata? Ou uma exposição de barcos?
E
avião andava depressa, pois logo, passamos pela lagoa de Albufeira, a entrada
de água por entre terras verdejantes, antes de entrarmos pelas nuvens adentro.
Nuvens brancas e fofas.
E
subimos mais alto em direção ao destino. Fechei os olhos, recordando as
paisagens lindas e as aventuras passadas.
E
adormeci sossegada.”
Resposta Formadora: Obrigada pela partilha. Atente: águas,
água, distância. Possível confusão com «onde» (indica permanência) e «aonde»
(indica ideia de movimento). Continuação do bom trabalho.
DESAFIO 2 - PONTOS DE VISTA NA DESCRIÇÃO: O PONTO
DE VISTA FÍSICO E O PONTO DE VISTA AFETIVO
O
NOSSO PRIMEIRO DESAFIO DUPLO!
1.º DESAFIO
Escreve um breve texto (com um máximo de dez
linhas) onde descreves o interior da tua sala escolhendo uma determinada ordem
ou direção. Partilha AQUI no grupo.
“Subo as escadas de corrimão de ferro em direção á
sala, e ao chegar vejo as paredes de pedra e teto alto com o candeeiro de ferro
fundido com seis lâmpadas.
Tenho um sofá escuro, longo, largo e baixo á
frente da televisão. Ladeado de lareira tradicional para os dias mais frios e a
cama da cadela Loira, de pelo loiro e de olhos meigos. As paredes recheadas de
quadros pintados pelo meu companheiro.
Uma mesa oval no centro da sala, onde está o meu
puzzle ainda por terminar, papeis da “Escrita em ação” entre outros e quatro
cadeiras.
E lá a fundo, uma mesa com computador, monitor e
teclado e ao lado, a grande janela com vista para a natureza. Abro a janela e
cheira a terra e flores. Ouve-se os pássaros a cantarolar. E por aonde entram
os nossos dois gatos Ginger e Cookie.“
Resposta da formadora: Obrigada pela sua partilha. Atente, por favor, á acentuação de “á”.
Desafio superado. Bom trabalho!
2.º DESAFIO - DESAFIO A QUATRO MÃOS
Lê cuidadosamente o texto abaixo de Ferreira de
Castro.
Reescreve-o duas vezes com o(a) teu/tua parceiro
de escrita tentando manter a sua dimensão (mais ou menos seis linhas).
Na primeira recriação faz com que o texto de
Ferreira de Castro se transforme numa descrição predominantemente objetiva.
Na segunda recriação faz com que o texto de
Ferreira de Castro se transforme numa descrição predominantemente subjetiva.
Partilha o resultado final no grupo.
«Com a chuva, a
neblina ia-se rasgando, descendo, separando-se em farrapos e deixando a
descobertos trechos de terra, como se dum mar de espuma surgisse um
arquipélago. Sobre as pedras lavadas apareciam as mulheres; retardatárias, que
caminhavam, apressadamente, em direção à igreja, uma das mãos no guarda-chuva,
a outra a levantar um pouco as saias, para que a água não as esparrinhasse. Não
se via o rosto de nenhuma delas.»
Ferreira de Castro, A Missão - 3 novelas (A
Experiência), Guimarães & Cª., Lisboa, 1954
LARITA E LUCINDA ESCREVEM:
Desafio 2 a quatro mãos com a Lucinda:
Descrição subjetiva: A chuva forte e castigadora
rasgava sem pudor a neblina e originava largos pedaços de terra alagada como se
dum charco penumbroso se tratasse. Tudo à volta era um mar cinzento de terra
suja em que a natureza parecia confusa e desordenada. Sobre a calçada alva, as
mulheres caminhavam determinadas e apressadas para chegar a horas à Igreja,
segurando o guarda-chuva com a calejada mão esquerda e colocando a mão direita
na sua bela saia bordada domingueira para que a água lamacenta não a conspurcasse.
De nenhuma delas se conseguia vislumbrar o rosto.
Descrição objetiva: As mulheres enfrentavam a
chuva e a neblina nas suas silhuetas obscurecidas, determinadas em chegar à
igreja.
Misteriosas e sem mostrar o rosto, escondem-se
atrás dos guarda-chuvas e protegem as saias dos salpicos, levantando-as.
Andam com urgência como se estivessem atrasadas
para um compromisso importante.
Resposta da Formadora: Prova superada.
DESAFIO 3 - NARRAR É AVANÇAR
Procura recriar no teu caderno a história de
«José» e «Francisco» seguindo os passos sugeridos por Othon M. Garcia.
Partilha
aqui, com um comentário a esta publicação, quais foram as principais
dificuldades que sentiste ao «narrar».
Não
é para partilhar o texto que criares. Esse, fica no caderno
especial.
Entretanto,
a maior dificuldade foi manter a coerência entre a cena inicial do desafio e a
reescrita. E como tinha feito no caderno, ao digitar observei que alguns pontos
eram incoerentes e fugiam ao roteiro da cena inicial.
DESAFIO 4 - AFINAL, QUEM É QUE CONTA A HISTÓRIA?
Escreve em quatro pequenos textos (cerca de dez
linhas cada), um dos teus itinerários mais rotineiros (ida para o emprego,
regresso a casa ao fim do dia, ida às compras, regresso de casa de um familiar,
etc.), utilizando os quatro pontos de vista partilhados neste desafio
(“homodiegese”, “heterodiegese”, “polifonia” e segunda pessoa).
O
texto é o mesmo. O que muda é o narrador.
Escolhe o teu preferido e partilha no grupo
(partilha apenas um dos textos).
LARITA ESCREVE:
-Ida para o emprego (Heterodiegese):
“Saiu de casa, toda despenteada e desceu a rua até a carro. Dentro deste,
estava uma rapariga jovem de cabelos pretos e alguns brancos, a conduzir por
quarenta minutos. Vai apreciando a natureza, os caminhos sem trânsito e
aproveitou para
ouvir o áudio pelo caminho, um livro.
Passa
por duas autoestradas, alguns radares, por dois viadutos e pela portagem de via
verde e seguiu
caminho pela IC-19. A estrada mais complicada de Lisboa, ao nível de trânsito,
de acidentes e de saídas para outras estradas.
Chegando
ao Cacém, apanhou
dez minutos de fila de carros até chegar ao trabalho. Passa por uma escola
primária, onde assistiu
à entrega das crianças a porta deste. Estacionou o carro no parque do emprego e entrou sem mais demora. “
Resposta da formadora: Obrigada pela sua partilha. Atente, por
favor, aos tempos verbais (no início do texto, utiliza o pretérito perfeito e
depois já utiliza o presente).
-Regresso a casa ao fim do dia (Homodiegese):
“Olho para o relógio, a ver quando chega a hora de ir para casa. Também olho
para a janela, a ver o trânsito que acumula aqui à porta do emprego. Saio e dou
a volta pelo outro lado, que não tem muita fila. Aproveito para comer uma peça
de fruta ou um iogurte líquido, ao mesmo tempo que ouço os documentários do
observador na rádio. Ando as curvas e contracurvas, mas acabo por entrar na
IC-19. E mais á frente, entro para a autoestrada. Tranquila faço a autoestrada,
em quarenta minutos e passo as portagens para entrar no Sobral. Chego a subida,
antes de chegar à minha casa e vejo o meu lugar de estacionamento. Sem mais
espera, estaciono o carro e tiro as minhas coisas. Entro em casa e tenho os
meus três bichanos, a cadela e os gatos à minha espera.”
-Ida às compras (Polifonia):
“Enquanto caminhava pelos corredores movimentados do supermercado, Ana
tentava concentrar-se na sua lista de compras. Ela tinha uma reunião importante
em casa mais tarde e precisava garantir que tinha todos os ingredientes
necessários para preparar o jantar. "Vamos lá, foco", pensou consigo
mesma, desviando o olhar das prateleiras coloridas repletas de produtos
tentadores. Do outro lado do corredor, Carlos examinava cuidadosamente os
preços dos produtos. Com um orçamento apertado, ele estava determinado a encontrar
as melhores ofertas e economizar o máximo possível. "Será que este produto
genérico é tão bom quanto a marca famosa?", questionava-se, comparando os
rótulos e fazendo cálculos mentais.”
-Regresso de casa de um familiar (Segunda pessoa):
“Você está voltando para casa depois de uma longa viagem. O carro está
silencioso, exceto pelo zumbido monótono do motor e pelo ocasional ruído dos
pneus contra o asfalto. Você olha pela janela e vê as paisagens familiares
passando rapidamente: árvores altas, casas antigas e estradas sinuosas.
Enquanto se aproxima de casa, seu coração começa a bater mais rápido. Você
imagina o calor reconfortante do seu lar e a sensação de estar nos braços da
família. Cada esquina conhecida faz com que a ansiedade aumente, a antecipação
palpável. Ao entrar na rua da sua casa, você vê as luzes acesas na janela. Um
sorriso involuntário se forma em seus lábios enquanto você estaciona o carro.
Você desce e caminha lentamente até a porta da frente, com o coração batendo
forte no peito. Ao abrir a porta, você é recebido pelo abraço caloroso dos seus
familiares. O som familiar da voz deles traz uma sensação de calma e
felicidade. Você se sente em casa, onde pertence.”
DESAFIO 5 - ENCONTRA A TUA VOZ
Partilha um texto teu com o teu parceiro de
escrita e com um outro colega. Pede-lhes um feedback. Anota as observações
que se repetem. Isto irá dar-te uma boa ideia de qual é a tua voz atual.
Partilha o resumo dos seus comentários AQUI.
A
parceira literária Lucinda Candeias, Colega da turma Sônia Peixoto. (WhatsApp e
emails)
Comentário da colega de
turma, Sónia:
Já li o texto. Gostei da vossa descrição.
Copiei para word e pintei a amarelo o que não
estava bem e escrevi a verde o que me pareceu ficar melhor:
“Estava num avião, sentada à janela com medo da viagem.
Começou a levantar voo e vejo a bela paisagem de Lisboa aos meus pés, senti o
coração a pular.
Passamos
por cima do Hospital aonde
estive internada e recordo os corredores, as passagens, os cheiros, a comida
sem sabor e sem sal.
Passamos
por prédios sem fim, altos, baixos, com varandas ou terraços, estradas bem
contornadas e cheios de carros. Por Alfama, aonde íamos ao Fado e aos santos
populares. Os miradouros e o belo castelo renovado. No meio do nada, vêm-se as duas linhas, com
a mesma distância entre eles
elas, era a linha de comboio.
Passamos
pelo aqueduto de águas livres, a ponte de pedra com arcos largos e casinhas
pequenas, que passa de
do um lado de monte para o
outro.
Passamos
por cima da bela ponte de 25 de
Abril, com o Cristo Rei, de braços abertos que protege Lisboa. Por aonde passei
tantas vezes, para ir à praia da Costa da Caparica. E por baixo da ponte, o
lindo e enorme rio Tejo, ladeados de monumentos, fabricas á beira-rio. E barcos à vela, a
flutuar no rio. Será que havia uma regata? Ou uma exposição de barcos?
E
O avião andava
depressa, pois logo, passamos pela lagoa de Albufeira, a entrada de água por
entre terras verdejantes, antes de entrarmos pelas nuvens adentro. Nuvens
brancas e fofas.
E
subimos mais alto em direção ao destino. Fechei os olhos, recordando as
paisagens lindas e as aventuras passadas.
E
adormeci sossegada.”
Fica ao vosso critério mudar ou até mesmo
substituir a palavra
Como tenho dito, sou novata nisto de validar
textos, e agradeço terem-me pedido :-)
Comentário da minha bestie
Lucinda:
Gostei da tua "Descrição de Lisboa"
muito pormenorizada. Sente-se que conheces esta cidade.
Sugestões: - a repetição da palavra passamos
foi intencional?
- Eu teria escrito "Aqueduto das Águas
Livres" com maiúscula.
- No 4º parágrafo, na frase que começa por
"Passamos pela bela Ponte 25 de Abril (...) de braços abertos que protege
Lisboa. Por onde passei tantas vezes(...) - Eu escreveria assim "de
braços abertos quer protege Lisboa e por onde passei
tantas vezes (..)"
- Faltam alguns acentos em determinadas palavras.
Utilizas o Novo Acordo Ortográfico.
No geral, parece-me um texto bem articulado.
Resposta da formadora: Somos uma comunidade literária onde todos dão e recebem! Bom trabalho